Adriana Guerreiro é doutorada em Ciências Agrárias, investigadora da Universidade do Algarve (UAlg) e, atualmente, responsável pelo projeto de investigação “New kiwifruit cultivars: studies and approaches to optimize and innovate postharvest chain”, que se centra na colheita e pós-colheita de novas variedades de kiwi, tendo como base a utilização de espectroscopia do visível e infravermelho próximo (VIS-NIR) e utilização de coberturas edíveis.
Desde 2010, esta jovem investigadora tem vindo a desenvolver vários trabalhos de investigação com medronho e, também, tem participado em projetos nacionais e internacionais na área da pós-colheita de diversos frutos.

Com a sua atual investigação, Adriana Guerreiro pretende, de um modo geral e utilizando a espectroscopia VIS-NIR, determinar o momento ideal de colheita de kiwis, controlar a sua qualidade, criar uma classificação e seleção automatizada, com base em informações espectrais, e monitorizar o armazenamento. Esta técnica mede, através da luz visível e do infravermelho próximo, as diferentes cores e intensidades da luz.
No que concerne à utilização de coberturas edíveis na pós-colheita de novas variedades de kiwi, as mesmas são compostas por ingredientes naturais como ceras vegetais e animais, e têm como objetivo aumentar a qualidade e a vida útil dos frutos, através de uma barreira protetora entre a fruta e o ambiente externo. Estas coberturas não alteram o sabor, aroma ou textura da fruta.
Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), este projeto tem já vários trabalhos publicados e, atualmente, já é possível indicar que “a temperatura que promove um maior tempo de armazenamento nestas novas variedades (de kiwi) é entre 0 e 1 graus Celsius”, refere a jovem investigadora. Estas conclusões já foram transmitidas aos produtores, que utilizam agora as temperaturas indicadas no armazenamento do fruto.
Relativamente aos resultados alcançados com a utilização de coberturas edíveis, concluiu-se que o uso de uma menor concentração de óleos essenciais é mais eficaz na manutenção da maioria dos atributos gerais de qualidade do kiwi, e o método como é aplicada a cobertura também contribui para que a fruta mantenha a qualidade.
Já através das análises com VIS-NIR, embora este estudo ainda esteja a decorrer, Adriana Guerreiro pretende criar um modelo de previsão, que poderá ser bastante útil na gestão de pomares de kiwi e na logística de centrais fruteiras.
Tendo como potenciais interessados técnicos de campos, associações, organizações e produtores, esta investigação demonstra um impacto positivo a nível social e económico, uma vez que pretende melhorar a indústria dos kiwis, aumentado o rendimento dos produtores e o seu acesso a novos mercados. Também ao nível da sustentabilidade, este projeto demonstra ser importante, pois os tratamentos pós-colheita utilizados neste trabalho são isentos de resíduos e pretendem reduzir a utilização de plásticos e pesticidas nos frutos frescos.
Na opinião da investigadora, “este trabalho contribuiu para o conhecimento agronómico destas novas variedades de kiwi, através da melhoria da sua cadeia e da implementação de práticas agrícolas sustentáveis e resilientes, usando uma combinação de tecnologias tradicionais de pós-colheita com novas tecnologias”, reduzindo a utilização de produtos químicos e pesticidas e contribuindo, assim, para um planeta mais sustentável.