Composto por 11 parceiros oriundos de países como o Reino Unido, Portugal, Irlanda, Áustria, Noruega e República Checa, este projeto recente é financiado pelo programa Horizon Europe, nomeadamente pelo Staying Healthy – Boosting mental health in Europe in times of change. O ASP-Belong tem como principais objetivos explorar, desenvolver e estudar uma nova forma de interação, o Jogo Social Aumentado, e aplicá-lo, criando intervenções digitais com o intuito de melhorar a saúde mental dos adolescentes. “Este conceito combina técnicas de narrativa imersiva, teatro interativo, psicologia baseada em evidências e uma forte componente tecnológica inovadora”, esclarece o investigador.
Surge no seguimento do jogo sério LINA, desenvolvido no âmbito do projeto DOT e no qual os investigadores do CISCA estiveram envolvidos, que, ao longo de vários episódios, cria uma narrativa interativa de mistério, onde os jogadores, uma turma de estudantes e o seu professor, são convidados a descobrir artefactos e a cooperar para resolver enigmas e desbloquear a história.
Esta experiência permite à turma e ao professor refletir “sobre o preconceito, o estigma e o bem-estar social, ao mesmo tempo que transforma o espaço familiar da sala de aula em algo surpreendente e novo”, refere João Dias.
No jogo LINA, a equipa de investigadores do CISCA é responsável pela aplicação de técnicas de inteligência artificial para determinar automaticamente como melhor fazer pares e grupos, tendo em conta a dinâmica social da turma, e maximizar, assim, o impacto da experiência em termos de sentimento de pertença.
O ASP-Belong mostra-se inovador devido ao facto de utilizar componentes de diversas áreas, nomeadamente de engenharia, tecnologia, comunicação e interação com utilizadores, gerando um sistema que tem como objetivo criar uma sociedade melhor, mais saudável a nível mental e mais inclusiva.
Por outro lado, este projeto é também diferenciador por ter na sua base uma equipa interdisciplinar que inclui engenheiros informáticos, psicólogos, psiquiatras, educadores, um diretor de teatro e um guionista e, também, um pequeno grupo de adolescentes que farão parte do grupo de stakeholders consultivo e que serão ouvidos em várias etapas de desenvolvimento do projeto.
Relativamente ao impacto que este projeto pode vir a ter na sociedade, o investigador explica que os Jogos Sociais Aumentados, poderão ser utilizados como “ferramenta psicoterapêutica para, por um lado, melhorar o sentimento de pertença e diminuir o isolamento social, e, por outro, mudar a perspetiva dos participantes, de forma a que melhor compreendam e empatizem com pessoas com dificuldade”.
Entre os potenciais interessados neste projeto poderão estar outros investigadores das áreas das ciências sociais e humanas, que pretendam estudar o papel e potencial deste tipo de tecnologias para a criação de sociedades mais inclusivas, mas também escolas do 2.º Ciclo do Ensino Básico da região do Algarve, com as quais a equipa de investigadores demonstra ter bastante interesse em trabalhar num futuro próximo.